terça-feira, 30 de novembro de 2010

Nem importa você estar sentado, em pé ou mesmo deitado. Importa você estar lá.
Não, não sei o que gostaria que você me dissesse.
'Dorme', quem sabe, ou 'está tudo bem', ou mesmo 'esquece, esquece'.

Caio F.



.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Além do ponto


E tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo, por dentro dessa chuva, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era.

Caio F.


*
...então me vens e me chegas e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para liberar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque é assim que és e unicamente assim é que me queres e me utilizas todos os dias, e nos usamos honestamente assim...
Caio F.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo. No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural.








Caio F.

Cansada e feliz

Sei lá, menina, tá tudo tão legal.
E um legal tão batalhado, um legal merecido, de costas e pernas doendo,
mas coração tranqüilo.


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Happy Hour

São seis horas da tarde e aconteceu,
Uma saudade de nós veio e bateu
Vejo o meu chopp sorrindo no balcão do bar,
Pinta você e paro de respirar
O mesmo ombro, o mesmo raio de sol
O nosso olhar brindando faz tim tim
A minha happy hour é ver você assim
e a cidade fala volta pra mim
Meu automóvel eu e você,
love forever on the road
Um por do sol vermelho de amor,
teu nome o mar não apagou
É muito doido total rock n'roll
Como eu gosto de você,
porque ficar longe de um grande amor
Coisa que o vento levou
Meus dedos quase sonham ao te abraçar
Seus lábios tocam cordas dentro de mim
A hora mais feliz é com você aqui
desde o primeiro dia que te vi..


[Eduardo Dusek]


*

terça-feira, 26 de outubro de 2010

...



Ainda insisto em desentortar os caminhos. Em construir castelos sem pensar nos ventos. Em buscar verdades enquanto elas tentam fugir de mim.



Caio F.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

É...

Sabe, a vida...
A vida é muito curta.
E eu já não sei mais como é estar fora do ciclo habitual e áspero das rotinas.
Não sei lidar com coisas normais e compreensiveis...
Estou sufocada!
Eu não sei dizer bem se sim ou se não.
E o mais engraçado é: eu não sei dizer!
às vezes me faltam as palavras para certas situações.



sábado, 9 de outubro de 2010

vara o dia varrendo a noite.
cata um sonho sonha um vento.
algo que fique. por pouco. por muito pouco.
um cisco que seja. algo que signifique


[Alice Ruiz]



 
                                                 




As palavras são espelhos.
Nelas só se vê o reflexo 
do que carregamos
por dentro.


Pipa

Eu nem sei dizer o quanto....


"Seja qual for a matéria de que as nossas almas
são feitas, a minha e a dela são iguais.."





*

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

dando murro em ponta de faca





"Me deixem ataque equivocado
Por um falso alarme
Quebrando objetos inúteis
Como quem leva uma topada.
Me deixem amolar e esmurrar
A faca cega, cega da paixão
E dar tiros a esmo e ferir
O mesmo cego coração..."

[CAZUZA]


*

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Dreaming...


I said: You are beautiful glasses, baby!
You said: Thanks, my love.
I said: I'm crazy for you.
You said: I'm crazy for you too.



...

E um pensamento estrangeiro passa por ela sem querer e diz assim:
"Ei, moça, talvez ele não seja real. Você o inventou, com certeza!"

...

Mas felizmente ela não ouviu essa voz estranha ecoando no labirinto dos seus sonhos.
Sussurrou o nome dele e despencou na primeira nuvém que passara pro infinito.

"É amor, é amor!"  - alguém disse.


*


sábado, 14 de agosto de 2010

....


P.S.: Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis. E amanhã tem sol.

[Caio F.]

as peripécias da vida de pedro

Cansado e com um peso nas costas, costelas quebradas, joelhos machucados, cabelo cortado, o plexo solar todo estraçalhado, retalhado. Feito pó.
É culpa minha, amor. Eu sei.


.
.
.
*


Hoje eu pensei muito.



*

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

°

Sabe, Wendy, quando o primeirio bebê riu pela primeira vez, a risada dele se quebrou em mil pedacinhos, e cada um saiu saltitando... Cada um virou uma fada, foi assim que elas apareceram!


[Peter Pan]


*

:)

Toda mulher é doida. Impossivel não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa... que sem amor, a vida não vale a pena.



[Martha Medeiros]


*

Agora eu já sei..

Perdi-me dentro de mim 
porque eu era labirinto
e hoje quando me sinto
é com saudades de mim...



*--*

sábado, 24 de julho de 2010

num meio-dia de primavera...




Sabe, num meio-dia nublado
a chuva chovendo
os carros passando
o coração batendo mais forte
sede
boca seca
tremedeira
olhar inquieto
mãos suando...


Entende?

.

aos poucos, começa a passar...

Você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar...


Caio Fernando Abreu

.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

...

Já tentei macrobiótica, psicanálise, drogas (...) patins, marxismo, candomblé, boate gay, ecologia, sobrou só esse nó no peito... agora faço o quê?        [Caio F.]







?

domingo, 4 de julho de 2010

Better Man




She lies and says she's in love with him, can't find a better man.
She dreams in color, she dreams in red, can't find a better man.
Can't find a better man
Can't find a better man
Ohh...


Eddie Vedder - Pearl Jam

Eu não existo sem você

















Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você


Vinicius de Moraes

*

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A história de Luna & Apolo

Quando a saudade aperta, eu corro pra vitrola.
Rapidamente..
Incontrolável  essa  minha vontade de ouvir sua voz.
Não sei porquê mas acho que perdi a razão tentando achar uma razão
para as minhas mentiras verdadeiras e bobas..
"E no momento em que se confessa a precisão, perde-se tudo, eu sei"
Foi isso mesmo que aconteceu. Lamentável!
Minha cara amarela lamentável no espelho. Meu olhar despedaçado a te olhar do outro lado da vida, lamentavelmente. É isso! Você não entende, mas eu compreendo. É extremamente complicado o amor entre marcianos e terráqueos. Mas eu sei que não é impossivel. Eu sei, é incrivel! Eu posso te dizer, com toda a vericidade da palavra, sincera e honestamente, em alto e bom som que, EU TE AMO!
Mesmo que isso não valha de nada, mesmo que me expor dessa maneira seja triste ou vulgar, eu posso dizer, se você, pelo menos, puder me ouvir ou sentir de alguma forma - não sei qual, mas deve existir. telepatia, talvez - que tudo foi real e autêntico.
Tão sublime quanto comer chocolate com coca-cola.
Tão transcendental quanto ouvir a mesma melodia
tendo o mesmo - esplêndido - pensamento!

°°°
Até um dia, até talvez, até quem sabe...

Beijo meu!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Où êtes-vous ?


Comecei a andar mais depressa para encontrar aquela voz, e por falar em você, razão de viver, você bem que podia me aparecer, e eu sempre tivera certeza que, desde o inicio, embora tudo continuasse a ser somente loucura, vontade de voar, eu nada tinha a perder perseguindo uma canção, razão de viver.


Caio Fernando Abreu

sábado, 12 de junho de 2010

O dia em que Júpiter encontrou Saturno


- Você tem um cigarro?
- Estou tentando parar de fumar.
- Eu também. Mas queria ter alguma coisa nas mãos agora.
- Você tem uma coisa nas mãos agora.
- Eu?
- Eu.


Caio Fernando Abreu



°°°

domingo, 6 de junho de 2010

Desmantelo Azul

Então pintei de azul os meus sapatos
Por não poder de azul pintar as ruas
Depois vesti meus gestos insensatos
E colori as minhas mãos e as tuas

Para extinguir em nós o azul ausente
E aprisionar o azul nas coisas gratas
Enfim, nós derramamos simplesmente
Azul sobre os vestidos e as gravatas

E afogados em nós nem nos lembramos
Que nos excesso que havia em nosso espaço
Pudesse haver de azul também cansaço

E perdidos no azul nos contemplamos
E vimos que entre nós nascia um sul
Vertiginosamente azul: azul.


[Carlos Pena Filho]




°°°

domingo, 30 de maio de 2010

?



O que lhe faz entorpecer sem motivo? São as imagens em uma tela colorida? São as emoções antes nunca vividas? São palavras sonoramente intercaladas? São sons profanos ecoados? O que faz sua alma flutuar?





°°°

quinta-feira, 20 de maio de 2010

É melhor sofrer em dó menor do que você sofrer calado..

Ando com minha cabeça já pelas tabelas...
Amanhã, ninguém sabe. Traga-me um violão antes que o amor acabe
Direi meias verdades, sempre à meia luz
Meia noite, mais um copo.
E eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando...
Me conta agora como hei de partir?...


Chico Buarque

sempre,sempre,sempre

:D

Q U E R E R já é um bom começo...


nem sempre se é aquilo que se quer
mas sempre se pode ser bem mais
que qualquer coisa qualquer.
s e r . . .
ou não
s e r ? ! ?
não é bem uma questão de QUERER,
mas de PODER SER.
porque querer é "desejar estar, desejar ver-se"
contudo, PODER SER é questão de "ter capacidade para fazer alguma coisa"
que já é outra questão de poder "fazer".
e tudo isso e nada disso é questão de pensar que se é permitido (e é mesmo!)
poder
querer
fazer
e principalmente
S E R
simplesmente SER o que se QUER.



*

sexta-feira, 14 de maio de 2010


Quando a terra reivindicam os nossos membros à poeira suspensa
no chão
A alma encantada gira expondo-se aos ventos
E dissolvendo-se ao Sol
Mãos de ferro e corações de seda brincam de dia
E dormem no silêncio da noite
E a Vida, quando a Vida revela sua face sagrada
é quando podemos finalmente DANÇAR!


*

quinta-feira, 13 de maio de 2010

s o b r e s s a l t o

cai a tarde
não arde o sol
só uma luz resplandece
forte
intensa
intima
cheia de saudade
cheia de cor,
cheia de calor
i n t u p i d a
de a m o r
o teu a m o r
só pra mim
e n f i m
.
.
.


Beijo meu!


*

domingo, 25 de abril de 2010

NO OSSO


Havia duas metades
E ainda não sei quem és
meia porção de saudade
Meias esquentando os pés

E ela me disse: vou ali
Volto se a chuva passar
E tem tanta agua pra cair
Na madruaga...

Havia um moço e uma janela
gelando o quarto vazio
ali um vento vinha entoando
esse choroso assobio

E vai doer no osso esse frio
Vai doer no osso...


Pietro Leal

segunda-feira, 19 de abril de 2010


O melhor do amor
não se escreve,
talvez não se fale jamais.
Refugia-se
Nos longos olhares,
Nos longos beijos,
Peito contra peito
E o coração nos lábios

Will Durant

"E, de qualquer forma,
às cegas,
às tontas,
tenho feito o que acredito,
do jeito talvez torto que sei fazer”

Caio F.

(...)Já agora te sigo a toda parte,
e te desejo e te perco, estou completa,
me destino, me faço tão sublime,
tão natural e cheia de segredos,
tão firme, tão fiel... Tal uma lâmina,
o povo, meu poema, te atravessa."

(Carlos Drummond de Andrade em "A Rosa do Povo")

sexta-feira, 16 de abril de 2010

PENSAR É TRANSGREDIR

Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.
Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.
Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo.
Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: "Parar pra pensar, nem pensar!"
O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação.
Sem ter programado, a gente pára pra pensar.
Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se.
Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto.
Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.
Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar.
Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo.
Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos.
Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.
Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada.
Parece fácil: "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado.
Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.
Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.
Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for.
E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.

Lya Luft

Dos ensinamentos da minha Tia...

"Seja você e seu SER,
nunca enfeite uma situação."


*

segunda-feira, 12 de abril de 2010

05 de maio de 2006

Era sexta-feira. Lembro como se fosse hoje.
Convite na mão, sorriso no rosto. Cheia de alegria.
Quase, quase, quase que a gente não assistiu ao último espetáculo musical
da nossa banda favorita.
Era um dia chuvoso e intenso.
O melhor de tudo foi nos ver esbanjando alegria em plena madrugada, num fim de festa!
Nossa, como era bom aquele tempo...
eu nem sabia....
ou sabia?

*

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Lorsque vous arrivez. . .


"De vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno, bem no meio duma praça, então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada, só olhando e pensando: "meu deus, mas como você me dói vez em quando..."

Caio F.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

19:20

Era 19:15 quando enviei uma mensagem desesperada.
Coração pulando, cheio, entupido, carregado de perguntas. Arre!
Cinco minutos depois, recebi a resposta mais precisa do mundo:
- Estou bem, sem tempo pra conversar, ando ocupado demais, beijo.
Fiquei bem. Aliviada por ele não ter morrido. Ao menos isso, não é mesmo?

.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Nossa casa



Em algum lugar bem longe.
Longe de nossas distâncias
e dos nossos silêncios.
Todo esse tempo que passou
passará novamente, porém, em completo
aconchego de uma casinha, em algum
lugar distante. Distante de tudo. Bem perto da gente.
Colado. Grudado. Até enjoar.
(eu sei que não...)
Cantaremos a nossa "muesia" pro resto da vida.

.

*

domingo, 14 de março de 2010

VAGABUNDO

Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,
Fumando meu cigarro vaporoso;
Nas noites de verão namoro estrelas;
Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso!

Ando roto, sem bolsos nem dinheiro
Mas tenho na viola uma riqueza:
Canto à Lua de noite serenatas
E quem vive de amor não tem pobreza!

Álvares de Azevedo

sábado, 20 de fevereiro de 2010


Quando você não pode olhar dentro da alma de alguém...
Tente ir embora e depois voltar.


Pasternak



-

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

*


O que pode crescer sem chuva?
O que pode arder por anos a fio?
Pedras crescem sem chuva.
Mas somente o amor pode arder
por anos a fio.


Sabina Spielrein

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

três gatos e um marido alto

um amor puxa outro e agora eu gosto de gatos
tenho três gatos lindos
são meus filhotes, minha cria
eles tem uma pai que os adora muito
nós formamos uma familia um tanto estranha
porém muito feliz
mas tudo isso ainda é triste
triste porquê ? imaginar uma familia de gatos seria triste ?
mas quem sonha em ter uma familia com três filhos gatos e um marido alto ?

*

sim, eu sonho com isso

le plus bel amour

tenho um bebê emprestado
ganhei como um presente de natal
agora ele é meu e está guardado
ele anda, corre e grita
dentro de mim...


*

practically perfect in every way

você chegou tirando coisas fantásticas
de dentro da bolsa me encheu a boca
de açúcar me ensinou a rir até o teto
e sumiu num dia nublado com o guarda-
chuva em riste sobre as chaminés de londres
dizendo que volta quando der na telha.

Gregório Duvivier

domingo, 31 de janeiro de 2010

o meio de todas as coisas

entre o fim do começo e o começo
do fim toda coisa tem uma massa
inerte feito ponte pela qual
passamos distraídos - ou não:
os astecas sentiam chegar o exato
momento do meio da vida - o meio do meio
da vida, o momento em que o que já vivemos
é exatamente igual ao que ainda não vivemos
- e nesse momento preciso o mais comum
dos astecas sentia uma súbita e inexplicável
vontade de tomar um trem
mas como ainda não o tinham inventado
ele acabava por entristecer-se
(daí a tristeza, essa vontade de algo
que ainda não inventaram)


Gregório Duvivier

sábado, 30 de janeiro de 2010

É frustrante estar frustrada

*


Na cadência das horas. No sublime desespero de corações compassados. Na realidade de ver-te ao pé de mim, bem perto, tanto que pude sentir o cheiro do seu perfume bom. Mas seu olhar era tão distante quanto o mar eo sertão. Feria com frieza o meu desespero. Era insuportável a minha impaciência e o formigamento das minhas mãos. Parecia uma adolescente ensandecida. Mas o pior de tudo foi a minha cara de 'fim de festa' no incio daquela noite bonita. E pra acabar comigo de uma vez, ainda teve a foto! Oh! Eu não sei o porquê, mas a minha cara parecia meio congelada. E a sua cara era de susto. Acho que eu não gosto de tirar fotos. . .



bobagens, meu filho,
bobagens. . .

É preciso ser muito grosseiro para se poder ser célebre à vontade

Às vezes, quando penso nos homens célebres, sinto por eles toda a tristeza da celebridade. A celebridade é um plebeísmo. Por isso deve ferir uma alma delicada. É um plebeísmo porque estar em evidência, ser olhado por todos inflige a uma criatura delicada uma sensação de parentesco exterior com as criaturas que armam escândalos nas ruas, que gesticulam e falam alto nas praças. O homem que se torna célebre fica sem vida íntima: tornam-se de vidro as paredes da sua vida doméstica; é sempre como se fosse excessivo o seu traje; e aquelas suas
mínimas ações - ridiculamente humanas às vezes - que ele quereria invisíveis, coa-as a lente da celebridade para especulosas pequenezes, com cuja evidência a sua alma se estraga ou se enfasta. É preciso ser muito grosseiro para se poder ser célebre à vontade.

Fernando Pessoa - Pensamentos

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Meu Mestre Caeiro



O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poeta.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa. . .



Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)

Os meus pensamentos são contentes. . .




...os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
e com as mãos e os pés e com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido...

Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)

p a r a n a t h a l i e



Pela janela do lado. . . EU VEJO O MUNDO A ME ESPERAR. . .

=D

l i b e r d a d e



É.. eu vou voar, no azul mais lindo eu vou morar...

*

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Dar tempo ao tempo


O tempo o tempo cheirava
Se o cheiro fosse o de Mila
Que traz no mel da sua fava
A cica da cana-brava
Que é brava mas é tranquila.
O tempo que o tempo cheira
Não traz o que se destila
No corpo da feiticeira
Que quando quer verdadeira
Não há quem possa menti-la.
Se o tempo o tempo cheirasse. . .
Mas é que o tempo vacila.
Não vê que por quem Mila passe
Faz com que o coração descompasse
E até Deus no céu se perfila.
Que o tempo o tempo cheirará
O olho que me fuzi-la?
O olho com seu olhar
Que um dia ainda vai mudar
Pra dentro da minha pupila.
Que o tempo o tempo cheiraria
Ao tê-la, vê-la e senti-la!
Garanto que mandaria
A Música e a Poesia
Somente para servi-la.
É tempo que o tempo cheire.
E o temponão vá puni-la.
Apenas porque eu desespere
Da despedida que fere
Do: " - nunca mais" que aniquila.
Mas quando esse tempo cheirar
O tempo que se sigila
Aí Mila vai se encantar
Que Deus troca a Virgem do altar
Por Nossa Senhora de Mila!
Paulo Cesar Pinheiro


segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Ao Shopping Center

Pelos teus círculos
vagamos sem rumo
nós almas penadas
do mundo do consumo

De elevador ao céu
pela escada ao inferno:
os extremos se tocam
no castigo eterno.

Cada loja é um novo
prego em nossa cruz.
Por mais que compremos
estamos sempre nus

nós que por teus círculos
vagamos sem perdão
à espera (até quando?)
da Grande Liquidação.


José Paulo Paes

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

01:08




Embora a moça anônima da história seja tão antiga que podia ser uma figura bíblica.
Ela era subterrânea e nunca tinha tido floração. Minto:
ela era capim.
Se a moça soubesse que minha alegria também vem
de minha mais profunda tristeza e que a tristeza era uma alegria falhada.
Sim, ela era alegrezinha dentro de sua neurose. Neurose de guerra.


A Hora da Estrela, Lispector

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010